Resumo:
Esta tese busca fazer uma cartografia dos movimentos espanhóis 15M e okupa. A cartografia, que diz respeito a uma percepção molecular, ajuda a pensar os dois objetos em sua potência. O movimento okupa e o 15M são expressões da multidão e experimentam certos devires. Multidão e devir são conceitos, respectivamente, de Negri e Hardt e Deleuze e Guattari, autores centrais na pesquisa. A aproximação com os dois movimentos, sempre orientada pela percepção molecular, se dá a partir de algumas linhas: as mídias de resistência, as mídias de massa e a teoria acadêmica. Porém, quanto ao movimento okupa, se soma um trabalho de campo etnográfico realizado em Barcelona, em 2014. As tomadas da cidade no formato de manifestações, ocupações de praças e edifícios, típica dos dois movimentos, por serem divulgadas à exaustão pelas mídias, formam a matéria principal da tese. Este trabalho se justifica pela intensidade de lutas ocorridas nos últimos anos que apresentam um comum: a forma em rede sem líderes e a radicalidade democrática. As lutas, as quais atravessam o Ocidente e também o Brasil, são objetos que devem ser pesquisados para uma compreensão atual da multidão. O trabalho está situado em um programa de comunicação, pois as mídias são extremamente importantes para os movimentos contemporâneos. O campo da comunicação é pensado também a partir da cartografia, como um devir experimentado por inúmeras disciplinas, ou seja, tem uma potência própria que difere da tentativa de sua constituição. Os conceitos de identidade, poder disciplinar, devir, sociedade de controle, transversalidade, como a obra de Foucault, Cocco e Lazzarato, acompanham todo o trabalho. O centro da tese se realiza na construção de dez conceitos, próprios ao devir-revolucionário da multidão; devir que se refere à atualidade dos movimentos e não ao projeto futuro que os acompanha.