Resumo:
Cresce o interesse pelo estudo da durabilidade das estruturas de concreto, devido à norma de desempenho e seus critérios de vida útil das edificações, somado à percepção da perda precoce de vida útil das construções. Há definições em normas técnicas e na literatura científica sobre os parâmetros de projeto das estruturas de concreto armado, como a relação água/cimento, consumo de cimento, resistência mecânica à compressão e cobrimento das armaduras. Porém, até o presente momento no Brasil, não estão estabelecidas as relações entre estas características para proporcionar maior flexibilidade ao profissional na especificação dos parâmetros das estruturas visando à durabilidade. Soma-se a esta lacuna a necessidade de consideração das classes de agressividade, definidas em virtude dos agentes deletérios às estruturas. Neste contexto, o objetivo deste trabalho é a definição da relação entre os parâmetros dos concretos e como estes variam em função das classes de agressividade ambiental, focando no cobrimento necessário para garantia da durabilidade das estruturas. Dessa forma, propôs-se o estudo com concretos, em concordância com as especificações de normas, verificando a frente de ataque das estruturas por modelos teóricos de previsão de vida útil, somados à realização dos ensaios acelerados de deterioração de carbonatação acelerada e névoa salina. Foram definidos períodos de realização do ensaio que representam cada uma das classes de agressividade da ABNT NBR 6118:2014, norteados pelos modelos teóricos de deterioração das estruturas. Após, cada um dos quatro traços de concreto foi submetido a diferentes agressividades. Diante disto, determinou-se o impacto no cobrimento das armaduras para cada classe de agressividade, mais amena ou mais severa. Cada um destes traços foi avaliado quanto às características físicas e mecânicas. Verificou-se que o cobrimento necessário às armaduras varia de maneira linear com a resistência à compressão dos traços, denotando a possibilidade de considerar mais de uma classe de resistência de concreto e o cobrimento nas diferentes classes de agressividade, como ocorre em algumas normas técnicas internacionais de dimensionamento de estruturas. Destaca-se que a diferença do cobrimento necessário em relação às classes de agressividade se torna mais acentuada quando utilizados concretos de resistência superior a 30MPa. Ainda, percebeu-se que o ataque por íons cloreto é mais severo que a carbonatação, tendo determinado, na maioria das verificações, a espessura mínima de concreto para garantir a durabilidade almejada. Por fim, a análise estatística apontou influência significativa do traço na frente de carbonatação e apenas entre os traços 1 e 4 em relação à resistência frente a névoa salina.