Resumo:
A pesquisa se insere nos estudos comunicacionais a partir de um olhar sobre a processualidade do fenômeno da midiatização. Em meio à profusão de imagens e imaginários da sociedade midiatizada, investiga-se o processo de circulação da imagem institucional. De que maneira circula a imagem do Exército Brasileiro durante o processo de pacificação do Complexo da Maré? Este é o problema da pesquisa, que tem como seu caso a disputa intermidiática pela construção da imagem do Exército Brasileiro durante a operação de pacificação do Complexo da Maré, entre os anos de 2014 e 2015 na cidade do Rio de Janeiro. Nesse embate de sentidos, tem-se como objetivos principais examinar (e categorizar) a heterogeneidade das produções das instâncias da mídia canônica, dos atores sociais midiatizados e da própria instituição, e analisar (e representar esquematicamente) as relações transversais entre os atores participantes e as imagens circulantes. Segue-se com a análise das afetações da midiatização sobre a disputa inferida preliminarmente, que passa a revelar traços de coprodução nas imagens-produto que se manifestam como fruto das interações. Nas sobras destas relações transversais, emerge um outro tipo de afetação sob a processualidade imagética, algo que é da ordem do simbólico. Provocando um verdadeiro paradoxo, baseado na valoração de poucas imagens em meio à diversidade produtiva, o simbólico complexifica ainda mais a análise da circulação imagética midiatizada. Ao final, juntamente de novas hipóteses heurísticas, procura-se dar conta de uma imagem síntese do processo de circulação acerca da atuação do Exército na Maré, junto da verificação de uma possível superioridade estratégica nessa disputa. Norteada metodologicamente pela construção do caso da pesquisa, pelo paradigma indiciário e pelo argumento abdutivo, dentro de uma máquina aceleradora de inferências baseada no pensamento por figuras e ancorada sob um eixo de codificações referenciais (midiatização e circulação) e concorrenciais (imagem e símbolo), a pesquisa tem como desafio desentranhar novas questões que pertencem ao comunicacional, a partir de uma aproximação com o fenômeno da midiatização focada na incidência de seus processos na circulação de imagens.