Resumo:
O presente estudo busca investigar as potencialidades emergentes em textos de divulgação científica midiática (DCM) aplicados a contextos escolares e suas contribuições para a promoção de uma educação científica na sala de aula de língua portuguesa. Os textos de DCM são analisados em nível discursivo através do aparato teórico-metodológico da Semiolinguística proposta por Charaudeau (2013; 2014) e em nível textual pelos postulados da Análise Textual dos Discursos proposta por Adam (2011). O corpus é composto por 81 textos do gênero notícia de divulgação científica publicados na revista Galileu entre março de 2014 e agosto de 2015, observados e analisados quanto às suas características discursivo-textuais e temáticas na fase de qualificação do estudo, dos quais foram selecionados 3 textos para análise aprofundada na fase final. A metodologia empregada na fase final de análise consiste, em nível discursivo, na análise do contrato de comunicação que fundamenta as notícias e nos diversos fins discursivos emergentes dos textos; em nível textual, atenta-se para a presença das representações discursivas da ciência, das responsabilidades enunciativas atribuídas pelos jornalistas e dos pontos de vista de cientistas e jornalistas com relação à ciência que indiquem a orientação argumentativa dos textos de DCM analisados. As análises são discutidas de modo a refletir sobre as potencialidades dos textos de DCM na sala de aula através de um olhar discursivo-textual que aborde, ao mesmo tempo, fatores linguístico-discursivos e características do discurso científico presente nos textos com vistas à promoção de uma dupla finalidade: a educação linguística e a educação científica no currículo de língua portuguesa do Ensino Médio. Assume-se que, ao fazer uso dos materiais de divulgação científica que já circulam dentro da escola, é possível promover uma educação científica através de textos sobre ciência com os quais os alunos estão em contato constante. Constata-se que o estudo de textos de DCM, abordados em seus aspectos discursivo e textual, pode contribuir efetivamente para a promoção de uma educação científica que permita desenvolver nos alunos a cultura científica necessária para a atuação cidadã, crítica e consciente. Conclui-se que as maneiras como esses textos chegam aos alunos é o que divide o currículo entre aquele que promove uma visão de ciência voltada para a educação científica e aquele que reproduz uma ciência avessa à sua própria natureza dinâmica e repleta de variáveis.