Resumo:
Em 2009 o pronunciamento do Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC) 29, que trata dos Ativos Biológicos e Produtos Agrícolas, modificou a forma de contabilização destes ativos pelas companhias. Dentre as mudanças, está a avaliação periódica e a necessidade de mensuração a valor justo. A consequência desta alteração proposta pelo CPC 29 é que a mensuração a valor justo provoca variabilidade do saldo dos ativos biológicos através de ganhos ou perdas. Esses ganhos ou perdas desde então são alocados imediatamente ao resultado do exercício. O objetivo deste estudo é analisar o impacto da mensuração a valor justo dos ativos biológicos no resultado anual. Para o estudo, foram selecionadas 41 companhias que apresentavam ativos biológicos em suas demonstrações financeiras no período de 2010 a 2014, sendo elas 25 companhias de capital aberto e 16 companhias de capital fechado, presentes na listagem das 500 maiores e melhores segundo a Revista Exame. Na pesquisa se analisou as demonstrações financeiras, principalmente as notas explicativas, e como método de análise utilizaram-se técnicas estatísticas e econométricas. Os resultados encontrados confirmam que a utilização da mensuração a valor justo em ativos biológicos provoca impactos positivos sobre o resultado do exercício, e que as companhias analisadas não utilizaram o mecanismo de ajuste a valor justo de seus ativos biológicos com a finalidade de alteração dos seus resultados. Na pesquisa ainda se identificou que o mecanismo de ajuste a valor justo por si só não resulta em elevação da volatilidade dos resultados das companhias, e que tanto este resultado quanto os ajustes provenientes da mensuração pelo valor justo são afetados pela oscilação dos preços dos produtos biológicos comercializados por estas companhias. Assim, considera-se que o estudo contribui para apresentar a influência da utilização da mensuração a valor justo dos ativos biológicos no resultado anual das companhias.