Resumo:
Esta dissertação investiga a integração econômica no continente africano, tanto em sentido ex post, como ex ante. Em um primeiro momento, para investigar os efeitos econômico-comerciais de acordos regionais de comércio já estabelecidos, como COMESA, ECOWAS e SADC, emprega-se um modelo gravitacional, com dados em painel e estimador de PMVP (pseudo-máxima verossimilhança de Poisson), para o período 1995-2013. Por fim, para simular uma integração econômica de nível continental na África, com análise dos efeitos que esta política teria para o comércio e para o nível de bem-estar dos países africanos, aplica-se o modelo de equilíbrio geral GTAP (Global Trade Analysis Project), em sua base de dados versão 8, com agregação de produtos por intensidade tecnológica. Os principais resultados, a respeito dos acordos já estabelecidos (análise ex post), é que tanto o COMESA, quanto o SADC, foram capazes de alavancar o comércio entre seus países-membros, sem evidências de desvios de comércio, tanto nas importações como nas exportações (building blocks). O grupo ECOWAS, opostamente, não foi capaz de estimular os fluxos comerciais de seus integrantes, apresentando sinais de desvios de comércio (stumbling block). Na estimação dos fluxos potenciais de comércio, de forma geral, percebeu-se que os países-membros dos acordos comercializaram mais entre si, que aquilo previsto pelo modelo gravitacional, remetendo ao conceito dos parceiros naturais de comércio e a Hipótese de Linder. Na análise ex ante, em ambas simulações com o modelo de equilíbrio geral computável GTAP, os resultados apontam para a expansão do bem-estar no continente africano como um todo, via melhorias na eficiência alocativa e ganhos sobre os termos de troca, além da expansão comercial em aspecto intra-África, sobretudo em produtos intensivos em tecnologia. No cenário de liberalização comercial parcial, os ganhos dos países africanos são consideravelmente minimizados, indicando a relevância dos produtos primários para este continente.