Resumo:
Neste trabalho, investigamos as características que certos retratos da National Geographic possuem de nos atrair para um Contato de natureza comunicacional que se realiza pela expressão do afeto no rosto e no olhar. Para responder nossa questão de pesquisa, traçamos um panorama histórico da publicação desde seu surgimento até os dias atuais. Examinamos o processo de midiatização no qual o dispositivo está inserido, discutimos as críticas a respeito do discurso da instituição, a iconização das imagens, a produção técnica do signo fotográfico e o fotodocumentarismo que lhe garante autenticidade imagética. Os fundamentos teóricos deste estudo giram em torno da base semiótica de Charles Sanders Peirce, da fenomenologia de Roland Barthes, do conceito de imagemafecção
de Gilles Deleuze, dos conceitos de midiatização de Jairo Ferreira, Antonio
Fausto Neto, José Luiz Braga e Pedro Gilberto Gomes e da antropologia visual de Catherine A. Lutz & Jane L. Collins e Stephanie L. Hawkins. Através de uma
estratégia de análise que conjuga o método fenomenológico com o método
iconográfico chegamos a um instrumento próprio que nos permitiu analisar as capas de todas edições a procura do Contato. Encontramos nove retratos que sintetizam nossos achados. O Contato, em nossas elaborações, é uma qualidade especificamente comunicacional que certos tipos de retratos têm de despertar a nossa percepção do “outro”, mobilizada através da expressão do afeto no rosto e no olhar. Uma sensação pré-cognitiva de atração e proximidade com o rosto retratado que produz um nível de intimidade como se pudéssemos “ver suas almas”. É a midiatização de um olhar presente em determinados tipos de imagens em primeiro plano, viabilizada por processos de produção técnica, que tem como sua principal característica nos levar à alteridade que, de outra maneira, apenas se realizaria presencialmente.