Resumo:
Esta dissertação é composta por dois artigos empíricos escritos a partir da pesquisa realizada sobre a comunicação profissional–paciente em oncologia. O primeiro estudo refere-se à percepção da comunicação profissional-paciente sob o enfoque dos pacientes com câncer. Foram entrevistados 14 pacientes adultos que estavam realizando quimioterapia, em diferentes estágios da doença (sete metastáticos). Destes, oito eram homens. O segundo estudo apresenta a percepção dos profissionais que atendem pacientes com câncer no que tange o processo de comunicação. Foram entrevistados 14 profissionais de diferentes áreas que trabalham com pacientes com câncer, entre elas: medicina, psicologia, enfermagem, terapia ocupacional, odontologia, fisioterapia e nutrição. Ambos os estudos foram qualitativos exploratórios. Os instrumentos utilizados foram uma ficha de dados sociodemográficos, clínicos e profissionais e um roteiro de entrevista semi-estruturada elaborado para cada grupo de entrevistados. As entrevistas foram gravadas em áudio e transcritas na íntegra. Os dados foram analisados em três etapas: a) leitura inicial sem julgamentos (“naive”); b) análise estrutural e categorização do conteúdo; e c) interpretação crítica e discussão. Por fim, dois juízes independentes avaliaram os conteúdos da entrevista quanto às categorias emergentes. Obteve-se um índice Kappa de 0,834, para análise do estudo 1 e 0,842 para o estudo 2, representando alta concordância. Foram criadas três categorias, que foram utilizadas nos dois estudos: 1) Comunicação Técnica: provisão de informação sobre o diagnóstico, tratamento e/ou prognóstico, de forma técnica, orientada para a doença do paciente; 2) Comunicação Técnica com Suporte Emocional: provisão de informação orientada para a doença e também suporte emocional; 3) Comunicação Insuficiente: comunicação com falhas ou que carece de informações, deixando o paciente com dúvidas e/ou inseguro. No estudo 1, os resultados evidenciaram que a comunicação com suporte emocional contribuiu para uma maior satisfação e saúde psicológica do paciente durante o tratamento oncológico. Percepções mais negativas em relação à comunicação com os profissionais de saúde estavam vinculadas às falhas na troca de informações, sensação de distanciamento emocional e ausência de interesse por aspectos pessoais do paciente. No estudo 2, os resultados apontaram para a importância do trabalho interdisciplinar e, a partir disso, à maior facilidade em estabelecer uma comunicação efetiva que contemple as complexas demandas do paciente oncológico. Ademais, a empatia, a provisão de esperança e a escuta ativa foram apontadas como qualidades essenciais para a comunicação efetiva entre profissional-paciente em oncologia. Os achados de ambos os estudos podem ser úteis no planejamento de estratégias comunicacionais que favoreçam o aumento da satisfação e bem-estar do paciente com câncer.