Resumo:
A globalização provocou diversas mudanças no contexto do trabalho. A necessidade de constante inovação e agilidade atingiu a indústria metalúrgica, impactando na subjetividade do trabalhador e na gestão da organização. O presente trabalho objetivou analisar a Organização do Trabalho (OT) de uma metalúrgica, seus impactos no prazer e sofrimento, bem como na saúde mental dos trabalhadores. Além disso, buscou-se analisar a mobilização subjetiva e as estratégias defensivas utilizadas pelos trabalhadores diante do sofrimento psíquico no trabalho metalúrgico. Realizou-se uma pesquisa qualitativa exploratório-descritiva, com sete trabalhadores de uma indústria do sul do Brasil, que possui uma certificação internacional de saúde e segurança no trabalho. A coleta dos dados foi por grupo focal. Os dados foram tratados através de análise de conteúdo, com categorias a priori, baseadas no referencial da Psicodinâmica do Trabalho. A OT estudada possui algumas especificidades como a ausência formal de um chefe, oportunizando espaços de discussão e autonomia na gestão das atividades. Porém, muitos trabalhadores têm dificuldades para se adaptar a proposta e sofrem no período inicial, sendo que alguns desistem e saem da organização. Observou-se um “controle” dos colegas substituindo o “controle” do gestor. Conclui-se que a OT potencializa a autonomia dos trabalhadores, mas promove a idealização/encantamento pelo modelo de gestão. Sugere-se a necessidade de potencializar espaços genuínos de discussão e participação efetiva.