Resumo:
Este trabalho pauta-se nos pressupostos da lexicografia e objetiva investigar as marcas de uso dos regionalismos no Dicionário Aurélio Buarque de Holanda Ferreira 2ª edição-1986 e 5ª edição-2010, a fim de constatar se há representatividade de todas as regiões brasileiras pelos registros dos vocábulos regionais na referida obra, e que critérios foram utilizados para a inclusão destas lexias no dicionário. Para tanto, buscamos analisar os prefácios das obras selecionadas com a finalidade de identificar esses critérios de inclusão; identificar os verbetes com marcas de uso Brasileirismo nas três primeiras páginas das letras A, B, C e D, das duas edições do dicionário; analisar um recorte dos verbetes distribuídos em unidades lexicais marcadas por Brasileirismo, observando uso geral e local; fazer análise comparativa entre as duas edições do Dicionário Aurélio (2ª e 5ª edições); fazer comparação entre o Dicionário Aurélio (5ª ed.) e o Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa (1ª ed. 2009), utilizando o mesmo critério de análise do Aurélio (nas três primeiras páginas das letras A, B, C e D); com a finalidade de comparar os resultados em relação aos regionalismos; e por fim comparar o Dicionário Aurélio (5ª ed.) e o dicionário de regionalismo Dicionário Gaúcho (5ª ed. 2013). Como embasamento teórico recorremos a conceitos da lexicografia, lexicologia, sociolinguística, acrescidos de estudos voltados para a área do regionalismo. As análises dos dados demonstraram que não há critérios explícitos de inclusão dos regionalismos no Dicionário Aurélio e que os registros de regionalismos na obra privilegiam as regiões Sul e Nordeste em detrimento das outras regiões, chegando até à exclusão de algumas regiões como é o caso do Norte e Sudeste, na 5ª edição. Diante disso, constatou-se uma grande lacuna em relação ao que se considera o português do Brasil representado com as marcas de uso dos regionalismos nesta obra lexicográfica.