Resumo:
O presente trabalho tem o fito precípuo de analisar o cenário econômico da nanotecnologia no Brasil à luz de experiências internacionais selecionadas sob o prisma de Sistemas Nacionais de Inovação. A proposta de contribuição deste trabalho está centrada na ampliação da escassa literatura sobre a temática, especialmente sob o viés analítico dos Sistemas Nacionais de Inovação. O trabalho em um primeiro momento analisa os principais conceitos, características e as funcionalidades da nanotecnologia. A partir da contextualização e caracterização, o estudo avança, dedicando-se a ingressar na teoria econômica com vistas a buscar os fundamentos analíticos que sustentam a análise da nanotecnologia sob a ótica dos Sistemas Nacionais de Inovação. Sob o viés de SNI, analisam-se, posteriormente, experiências internacionais de países selecionados: EUA, Alemanha, Rússia e China, bem como da União Europeia, intentando a compreensão da criação de iniciativas nacionais focadas no desenvolvimento da nanotecnologia. À luz dessas experiências, por fim, busca-se compreender o cenário econômico da nanotecnologia no Brasil através de uma análise das dimensões científica, tecnológica-industrial e político-regulatória ao longo dos últimos anos (2000 a 2013), uma vez que essas dimensões possibilitam o aporte ao entendimento de fatores que auxiliam a análise econômica, considerando a linha neoschumpteriana. Em linhas gerais, é possível depreender-se das experiências internacionais que todos os países estudados possuem Iniciativas Nacionais já consolidadas, com mais de 10 anos de experiências, e se caracterizam: a) pelo estímulo de atividades de inovação com interação entre Universidades e Empresas; b) pela realização de investimentos públicos em projetos para desenvolvimento da nanotecnologia em empresas; c) pelo destaque mundial na produção científica e em depósitos de patentes; e d) pela criação de marcos regulatórios e de definições, conceitos e limites de aplicações em nanopartículas na indústria. No que tange aos resultados encontrados no estudo, referente ao Brasil, verifica-se um incipiente ambiente de promoção e de incentivo à nanotecnologia no Brasil, especialmente em termos de estrutura de atividades de pesquisa aplicada, de fomento de atividades de Interação Universidade-Empresa e de inexistência de marcos regulatórios. Contudo, é possível a visualização, partir da análise do cenário das referidas dimensões, de bons resultados nos planos de produção científica (18º colocação no ranking mundial, conforme dados de 2011) e de depósitos de patentes (13º colocação no ranking mundial, conforme dados de 2011) se comparado a países líderes, seus respectivos investimentos e suas dimensões referentes à criação de iniciativas nacionais em nanotecnologias já há anos consolidadas. Em termos de contribuição teórica, destaca-se a apresentação da discussão a respeito da nova onda nos SNI com a chegada da nanotecnologia. Conclui-se também pela grande lacuna, em uma perspectiva de agenda de pesquisa, lançando-se o desafio de novos estudos sobre a temática.