Resumo:
Embora existam investigações teóricas e empíricas sobre consórcio modular, estudos sobre as relações entre os modulistas, o fluxo de informações e a Gestão Interorganizacional de Custos (GIC) em arranjos de consórcio modular são embrionários. O consórcio modular e a GIC induzem as empresas a ultrapassar as fronteiras organizacionais, no intuito de permitir que toda a cadeia de valor se torne mais eficiente. A presente tese, configurada com um Estudo de Caso com Objetos Incorporados, defende a possibilidade de aceitação que a associação entre consórcio modular e GIC promove mútuo aprendizado e maior redução dos custos globais de operações na cadeia de valor automobilística, do que adotadas isoladamente. Entende-se que as abordagens adotadas pelo consórcio modular de Resende (modularização e GIC) são complementares e incluem diversos fatores comuns, tal como a partilha de projetos de P&D, entrosamento de seus funcionários em outras empresas, sistemas integrados de informações, transferência de conhecimento, bem como a necessidade de desenvolvimento de uma gestão interorganizacional mais eficiente. Neste contexto, o consórcio modular constitui-se em um elemento facilitador do processo de GIC, pois o custo admissível dos componentes é definido por equipes interorganizacionais de trabalho, que incluem design de produto, engenharia, compras e engenharia de produção. Assim, as empresas demonstram possuir uma relação de alta interdependência. Porém resta evidente que, nem sempre, os benefícios são compartilhados entre todos os atores envolvidos, em função da assimetria de poder entre a MAN e os modulistas. No que tange à troca de informações de custos os achados indicam forte ocorrência desta iniciativa, porém somente dos modulistas para a MAN. As evidências empíricas obtidas no presente estudo denotam o uso de poder pela MAN aos seus modulistas. O uso do poder pode favorecer a divulgação de dados de custos pelos modulistas, mas isso não garante o êxito da GIC em toda sua plenitude. Essa é uma limitação para a aplicabilidade da GIC através do open book accounting.