Resumo:
Este trabalho faz uma análise dos riscos percebidos e das estratégias adotadas na cadeia de suprimentos de soja convencional por parte dos produtores e processadores desse grão no Brasil. A justificativa e importância do presente estudo baseia-se na constatação de uma crescente escassez e dificuldade de obtenção da soja convencional por parte dos processadores, já que cada vez mais os produtores de soja estão optando pela variedade transgênica devido aos menores custos e facilidade de manejo. O objetivo principal do trabalho foi analisar as estratégias que atualmente estão sendo seguidas a fim de reduzir as possibilidades de interrupção de abastecimento da cadeia de suprimentos da soja convencional. Para isso, foram identificados os principais fatores de risco na cadeia de suprimentos da soja convencional percebidos por estes atores, e de que forma eles procuram minimizar estes riscos. As medidas mitigadoras de risco por parte destes autores foram comparadas com as estratégias propostas na literatura especializada referente ao tema de gerenciamento de risco na cadeia de suprimentos. Esta pesquisa caracteriza-se por ser exploratória e qualitativa, sendo realizada por meio de um estudo de campo com questionários abertos junto aos produtores e processadores de soja, tanto convencional quanto transgênica. A seguir, foi feita uma análise de conteúdo dos discursos obtidos com as entrevistas através da técnica de nuvens de palavras. Essa técnica visou avaliar a frequência e a ocorrência das expressões referentes aos riscos percebidos e às estratégias adotadas ou sugeridas pelos atores. Como principais resultados, foi constatado que os produtores de soja convencional percebem como maior risco para seu negócio a incerteza de demanda para seu produto, o que lhes pode levar a optar pela produção de soja transgênica. Para eles, contratos antecipados de longa duração são uma garantia para a venda de seu produto por um preço que lhes motive a continuar com a soja convencional. Os processadores, por sua vez, reconhecem o risco de desabastecimento de soja convencional e procuram estabelecer parcerias com os produtores, mas ainda sem o comprometimento de mais longo prazo esperado por estes últimos.