Resumo:
O trabalho aqui apresentado analisa o papel dos jornais Zero Hora (RS) e Folha de São Paulo (SP) na construção de Dilma Rousseff como candidata à Presidência do Brasil. Partimos da hipótese de que a condição atual, de ascensão das minorias, favorece a candidatura de uma mulher. Além disso, acreditamos que alguns episódios ocorridos neste período contribuíram com a humanização da candidata, como o diagnóstico de um câncer e o fato de se tornar avó. A presente tese surgiu de uma pesquisa exploratória inicial que fomentou este trabalho de profundidade para extrair do empírico as ‘operações de sentido’ que constituem as estratégias midiáticas colocadas em prática pelos jornais Zero Hora (RS) e Folha de São Paulo (SP) para ‘construir’ a candidata ao longo de três anos (2008/2010). Não é possível descartar elementos contextuais (como a luta pelos direitos individuais e de minorias) somados a aspectos circunstanciais da candidata como pessoa (a luta contra o câncer), elementos conjunturais da própria campanha (a crise com a secretária Lina Vieira ou a suposição de um dossiê que nunca fora descoberto) ou o momento de duplo palanque vivenciado no RS. Percebemos que não há uma intencionalidade nessas ‘operações’, elas aparecem ao longo do tempo em momentos de intensidade e tensão, é a totalidade dessas ‘operações de sentido’ que configuram as estratégias midiáticas do que é dito no tempo e no espaço desses jornais.