Resumo:
O TDAH é um dos transtornos mentais mais comuns da infância e adolescência, sendo estimado que de 3 a 5% das crianças em idade escolar apresentam este transtorno. Sua etiologia é ainda bastante discutida, não havendo um consenso. A literatura aponta muitos estudos que entendem que o TDAH é um transtorno do desenvolvimento, de forte influência neurobiológica. Por outro lado, a relação de fatores psicossociais e familiares com a ocorrência de TDAH na prole tem sido estudada por diversos autores que apontam que conflitos familiares e conjugais são maiores em famílias com crianças com este transtorno, embora não esteja ainda claro se tais conflitos sucedem ou precedem o desenvolvimento do mesmo na criança. O objetivo do presente estudo foi analisar as características das relações familiares e conjugais de famílias com crianças com indicadores de TDAH. Para tanto, utilizou-se uma abordagem qualitativoexploratória, adotando-se o procedimento de estudos de caso. Os resultados evidenciaram dinâmicas familiares e conjugais disfuncionais e bastante conflituadas. As relações parentais foram caracterizadas por uma série de dificuldades de manejo, talvez influenciadas por conflitos anteriores do casal, outro ponto em comum entre os casos. Outro aspecto a ser destacado é a importância e intensidade dos aspectos transgeracionais nos casos estudados, o que evidenciou uma continuidade do modelo de funcionamento familiar e conjugal que os casais parentais tiveram em suas famílias de origem e que se perpetuou em suas novas famílias. Os resultados foram organizados em dois artigos empíricos: o primeiro deles que discute a dinâmica familiar de crianças com indicadores de TDAH; e o segundo artigo, que apresenta um estudo de caso único, cujo foco foi a conjugalidade em famílias com crianças com TDAH.