Resumo:
A indústria da construção civil é responsável por uma parcela significativa dos impactos ambientais que vêm ocorrendo, especialmente em relação ao consumo de recursos não renováveis e à geração de resíduos. É também responsável por contabilizar um alto número de acidentes de trabalho em seus canteiros de obras, e o elevado índice de perdas, nos quais são incluídos desperdícios e resíduos, é considerado um dos principais desafios do setor da construção, e se constitui em um agravante no consumo de materiais. Além desses, a alteração do ecossistema durante a execução das obras e os incômodos causados à vizinhança – poluição sonora, visual e do ar (poeira) também são considerados impactos ambientais atribuídos à construção. Diversas são as mudanças que o setor da construção civil vem sofrendo nos últimos anos, tanto em relação à qualidade de seus produtos quanto às preocupações ambientais e de segurança de seus operários. Tem-se percebido que existe um número expressivo de leis, regulamentações, certificações e programas que tangem essas questões através de um conjunto de critérios e procedimentos a serem seguidos, e que as grandes empresas do setor possuem maior agilidade na implementação destas normas, pois apresentam sistemas de gestão mais robustos e canteiros de obras melhor organizados. No entanto, uma das peculiaridades do setor da construção civil é a concentração de micro e pequenas empresas que contam com um reduzido número de profissionais, especialmente no corpo técnico, o que dificulta o atendimento a esses programas, geralmente extensos, e que demandam consideráveis investimentos e esforços gerenciais. Neste contexto, o trabalho tem como objetivo propor um conjunto de práticas voltadas à gestão ambiental, de qualidade e segurança para obras de construtoras de pequeno porte, através de um estudo de caso conduzido durante a fase de produção de uma obra residencial por uma empresa construtora familiar de pequeno porte. Na primeira etapa foram identificados os principais problemas gerados por cada fase de construção em termos de qualidade, segurança e meio ambiente. A segunda etapa da pesquisa consistiu em relacionar os princípios de normas de sistemas de gestão para redução dos problemas identificados (NBR ISO 9001:2008, NBR ISO 18801:2010 e NR-18, ISO 14001:2004). Na terceira etapa, foi elaborado um conjunto de boas práticas a serem implementadas por empresas construtoras de micro porte, sem objetivos de certificação. As boas práticas propostas incluem organização de canteiro e documentos, redação de procedimentos e parâmetros de controle e itens de segurança individual e coletivos.