Resumo:
Esta dissertação investiga as formas de instauração do humor na literatura carnavalizada, de acordo com Bakhtin, em A cultura popular na Idade Média e no Renascimento: o contexto de François Rabelais (2008a), no intuito de desvelar sob que formas o humor emerge na obra A Farsa da Boa Preguiça, de Ariano Suassuna (2008), e em quais condições promove a singularização dos traços de carnavalização nela presentes. Buscou-se a compreensão do humor no estudo clássico de Freud (1977, 1996) e em estudos linguísticos Possenti (1998), França (2006) e de Ducrot (1988), em cuja teoria polifônica o humor é abordado como exemplo, e trazido sob a perspectiva de que, na enunciação humorística, há a presença de um ponto de vista absurdo que não é atribuído ao locutor. As referências teóricas orientaram a construção de categorias de análise, num processo de relação constante com a obra. Nesse processo, cada conceito, embora participe do conjunto, perde sua identidade, ou seja, adquire traços do ato de enunciação, que implica a singularidade da obra e da pesquisadora. O estudo confirma que o humor carnavalizado em A Farsa da Boa Preguiça, de Suassuna, se dá de forma singular, pela incorporação de traços da situação de produção da obra e da visão de mundo do autor.