Resumo:
Com o intuito de averiguar a prevalência do assédio moral em estudantes trabalhadores e a sua relação com o bem-estar no trabalho, esta dissertação é composta por uma pesquisa empírica que originou dois artigos. O primeiro deles versa sobre o assédio moral em estudantes trabalhadores e o segundo sobre o assédio moral em estudantes trabalhadores e sua relação com o bem-estar. A primeira investigação trata de um estudo quantitativo, de caráter descritivo, com o intuito de pesquisar a prevalência de assédio moral em trabalhadores que estudam, buscando ainda saber quais são as características biosociodemográficas e laborais mais frequentes no grupo de trabalhadores que sofreu assédio moral. A amostra foi composta por 457 estudantes de uma faculdade da região metropolitana de Porto Alegre, sendo 69,1% mulheres e 30,9% homens com idade variando entre 17 e 64 anos. Para tanto foram aplicados dois instrumentos um questionário Biosociodemográfico e Laboral e um Questionário de Atos Negativos (QAN). Os resultados principais indicaram que 89,3% dos trabalhadores que responderam o questionário passaram por situações de violência no seu local de trabalho de acordo com o QAN – medida objetiva. Destes, 66,7% com assédio moral eventual e 22,5% assédio moral frequente, sendo que 66,4% dos homens e 61,2% das mulheres vivenciaram algum ato negativo. De acordo com a medida subjetiva, 11,2% dos participantes declararam ter sofrido assédio moral, sendo que 9,2% se consideraram vítimas de assédio moral eventual e 2% de assédio moral frequente. Destes 37% relataram que os atos negativos iniciaram nos últimos seis meses. Dentre os problemas de saúde apresentados, pelo grupo que se considera assediado, estavam depressão, ansiedade, estresse, insônia, enxaqueca e doenças cardiovasculares. Pode-se perceber elevados índices de atos negativos dentro das organizações, muitas vezes comprometendo a saúde física e mental. O segundo artigo caracterizou-se como explicativo e correlacional, visando investigar a relação entre o assédio moral em trabalhadores que estudam e o bem-estar no trabalho, além de buscar saber o quanto o assédio moral influencia no bem-estar no trabalho e quais os atos negativos preditores da diminuição deste bem-estar. Foi utilizada a mesma amostra de 457 estudantes trabalhadores e além dos instrumentos utilizados no primeiro estudo, foram aplicadas as Medidas de Bem-estar no Trabalho (BET). Os resultados mostraram que há correlação significativa entre as medidas de bem-estar no trabalho e o assédio moral, indicando associação negativa. Sugerindo que situações de assédio moral no trabalho causam uma diminuição no bem-estar, estando associada a menor satisfação e comprometimento no trabalho. Na análise de regressão linear a presença de alguns atos negativos no trabalho como pressão para não reclamar um direito, ser ignorado/excluído e realizar tarefas que não fazem parte do trabalho foram preditores que apareceram em duas dimensões das medidas de bem-estar no trabalho. Estes resultados indicam a necessidade das empresas de estarem mais atentas para evitar e combater este tipo de violência, e podem auxiliar no planejamento de futuras intervenções visando à diminuição da violência dentro das organizações e visando a promoção da saúde destes indivíduos.