Resumo:
Este trabalho investiga a inserção de profissionais qualificados para o setor de TI em posições avançadas da cadeia de valor desse setor, no contexto brasileiro. Interroga sobre a relação entre qualificação em nível superior e atuação em posições avançadas da referida cadeia de valor. O referencial teórico está alicerçado em dois eixos principais: estudos sobre a cadeia de valor de serviços em TI e estudos sobre trabalho do conhecimento. Os pressupostos desta pesquisa são: a) Instituições de Ensino Superior como atores-chave na produção de valor econômico na "Era da Informação"; b) necessidade de desenvolvimento de novas capacidades para a gestão de profissionais na "Era da Informação"; e c) trabalho do conhecimento como um conjunto de atividades que envolvam características como autonomia, criatividade, resolução de problemas, e que possibilitam mobilidade profissional e autogestão da carreira. Esses pressupostos sustentam as duas proposições centrais deste estudo: p1) quanto mais qualificado o trabalhador de TI, maior a possibilidade de ele se inserir em níveis mais avançados da cadeia de valor de TI; e, p2) trabalhadores que ocuparem os níveis mais elevados da cadeia de valor de TI desempenharão atividades com conteúdo mais próximo ao trabalho do conhecimento. A metodologia empregada foi estudo de campo, com realização de entrevistas semi-estruturadas, com professores e egressos de cursos de Ciência da Computação. Constatou-se que os egressos entrevistados ocupam posições nos níveis iniciais da cadeia de valor de software, entretanto, desempenham atividades com características do trabalho do conhecimento. Também se observou que a alta demanda por profissionais na indústria de TI, estimulada pelo mercado interno, produz um contexto de trabalho diversificado, em que a formação em educação superior é pouco valorizada, sendo priorizados a experiência e outros atributos comportamentais, associados a capacidades como aprendizagem contínua, orientação a resultados, visão sistêmica, habilidades de comunicação e negociação, entre outros. Verificou-se que a formação em ensino superior favorece essas competências, além de possibilitar a inserção fora do Brasil, prover maior estabilidade e dar acesso a melhores oportunidades profissionais.