Resumo:
Esta tese analisa a forma como a inovação e o empreendedorismo social geram valor ao promoverem a mudança nas realidades e nas vidas de pessoas, superando as condições de múltipla vulnerabilidade e exclusão. Trata-se de um estudo caracterizador e comparativo de três organizações econômicas socialmente inclusivas: CooperGet, CataVida e Rede Industrial de Confecção Solidária. Estas organizações foram viabilizadas pela intervenção de agentes empreendedores sociais, respectivamente: empresário, gestão pública municipal e organização da sociedade civil. O propósito principal deste estudo reside em analisar como o valor social é gerado e em identificar como ele é percebido pelos empreendedores e pelos participantes beneficiados. A pesquisa encontra respaldo nos centros acadêmicos de Inovação e Empreendedorismo Social, e nas teorias econômicas e sociais voltadas a promover o desenvolvimento econômico e social, de forma integral e sustentável, para além da racionalidade voltada ao autointeresse. Tais perspectivas se inscrevem na clássica e contemporânea Sociologia Econômica, que identifica a sociedade e a economia como mutuamente enraizadas e imbricadas, e na Economia Social, voltada a construir soluções econômicas e sociais para os problemas gerados na economia de mercado mundializada e excludente. A realização da pesquisa se deu através da coleta de dados primários e secundários, cuja análise foi com base em referenciais da Análise de Conteúdo e, complementariamente, nos estudos discursivos, para se observar manifestações no nível da linguagem, no que diz respeito a sentidos e efeitos de sentidos a partir de aspectos sociais, culturais e históricos de sujeitos, bem como para pensar nas suas condições de produção 7 discursiva. Os resultados do estudo revelam significativas mudanças na realidade e na vida dos participantes, indicando complexos e diversificados processos de geração e percepção de valor social. No entanto, ainda persistem elementos contraditórios que dificultam as novas práticas sociais, tais como, a alienação, a baixa autoestima, a dependência e o oportunismo, mostrando que o novo habitus, fruto de uma consciência de sujeitos emancipados, pode ser um porvir em curso, com seus desafios e contradições, mas que, por hora, ainda revelam processos dependentes dos agentes empreendedores.