Resumo:
A presente tese buscou entender a tensão perceptória no audiovisual quando num plano não há cortes, cortes esses através dos quais tradicionalmente se confere ritmo a um fluxo. Partiuse de Bergson em Matéria e memória e Deleuze em Diferença e repetição, que versam sobre o tempo e o espaço, bem como de pensadores do audiovisual como Eisenstein, Martin e Aumont. A desconstrução das três dimensões do tempo (diegético, enunciatório e perceptório), clássicas no cinema, se deu em paralelo à análise de planos-sequência de materiais expressivos diversos. Utilizou-se o método intuitivo de Bergson, que permitiu cogitar a existência de uma quarta dimensão, a do tempo dos objetos no quadro, que comporta seu dinamismo bem como sua duração. Chegou-se assim a definir, como alternativa ao conceito de ritmo, a modulação do tempo como uma articulação entre o tempo perceptual e o tempo dos objetos, que abarca tanto o intervalo (enquanto espaços ou instantes perceptíveis no quadro) quanto a duração (e outras virtualidades, no fluxo).