Resumo:
Este trabalho apresenta como tema as relações entre midiatização, tecnologias digitais, interações e crítica de mídia. O objeto de estudo apreendido é constituído das mudanças realizadas no site Observatório da Imprensa (OI), a partir do início do mês de junho de 2011, as quais constituíram reconfigurações na formação da crítica de mídia, devido à ampliação do circuito de circulação intermidiática e intramidiática. Os objetivos são examinar os movimentos ocasionados nessa circulação, buscando as relações entre as dimensões semiointeracional e tecno-tecnológica, nas processualidades dos debates e compartilhamentos entre os indivíduos midiáticos na internet. Analisamos as modalidades de interações realizadas no site do OI, em relação aos seus modos semio-tecno-tecnológicos, como forma de articulação entre midiatização e crítica de mídia, articulando à visão de sistemas autofortificados por autopoieses, onde ocorrem autorreferencialidades e heterorreferencialidades (LUHMANN, 2005). A perspectiva metodológica está ancorada no Movimento Ascendente, Descendente e Circular da Construção do Objeto Empírico de Pesquisa (FERREIRA, 2010), no intuito de valorizar o contato com os observáveis durante a seleção de indícios para a construção de uma coleção pertinente, considerando um ângulo determinado. Os corpora foram constituídos em diversos momentos da pesquisa, em torno de temáticas mais relevantes quantitativamente para análises do objeto em construção. Basicamente, trata-se de artigos e os comentários produzidos em torno dos mesmos, em situações tecnológicas diferenciadas e/ou respondendo a movimentos metodológicos atualizados no desenvolvimento da investigação. As análises nos mostraram que no espaço do OI há processos autonomizados, elaborados pelos próprios participantes da interação, com potencial de estímulo ao debate. Verificamos em contraposição a Luhmann, que a autonomia desse processo autopoiético não se encerra na diferença e irritação do sistema com o ambiente. A autonomia está na não determinação do ambiente no sistema, porém, são principalmente nas irritações/acoplamentos estruturais, que depois se tornam fragmentos reflexivos, onde ocorrem transformações importantes de construção social.