Resumo:
O trabalho faz uma análise do material opinativo sobre futebol em dois jornais de Porto Alegre, Zero Hora e Correio do Povo, com foco nas crônicas em torno das disputas entre Grêmio e Internacional, e também de entrevistas com os autores das colunas selecionadas. O objetivo é detectar como os jornalistas escolhidos lidam com a mobilização passional implicada no futebol, traduzida em paixão pelos clubes, e que contextos culturais são acionados nesse processo. No Rio Grande do Sul, o acirramento entre seus dois principais clubes constitui-se dentro de construções culturais das quais, pressupõem-se, participa a crônica esportiva produzida pelos jornais de referência. A pesquisa trabalha com conceitos advindos dos estudos de gêneros jornalísticos, da tribo e comunidade jornalística formulados por Nelson Traquina, e do circuito comunicacional juntamente com seus códigos, presentes nos estudos de Stuart Hall. No campo da prática jornalística são abordados pensamentos de ética, com destaque para Eugênio Bucci e do discurso como gênero, de Márcia Benetti. Contribuições de outras áreas que englobam o futebol são retiradas também dos estudos de Roberto da Matta, Fausto Neto e Ronaldo Helal, entre outros autores. Acredita-se que a proposta possa contribuir para o entendimento dos procedimentos jornalísticos nessa área, da construção de opiniões e suas complexidades em território minado de passionalidade e para o exercício da crítica sobre jornalismo esportivo no sentido de qualificar seus processos.