Resumo:
Esta tese trata dos regimes de visualidade que surgem como consequência da presença massiva de tecnologias de computação móvel na cultura midiática contemporânea. Em especial, interessam os processos de agenciamento do olhar (e do corpo) que se efetuam no campo dos novos formatos audiovisuais que empregam tecnologias móveis de comunicação e geolocalização em seus processos formais e estéticos (os quais chamamos no contexto desta pesquisa de audiovisuais locativos). Questionamos, em primeiro lugar, quais relações (estéticas, simbólicas, performáticas) podem ser estabelecidas entre as imagens técnicas exibidas nas telas de dispositivos móveis e as paisagens das cidades. Questionamos também qual o papel assumido pelo corpo dos usuários de dispositivos móveis em contextos de interação com aplicações de audiovisuais locativos. Para tanto, desenvolvemos com base nas cartografias benjaminianas um método de invenção de constelações de afinidades, a partir do qual desenvolvemos nossas observação através de um duplo movimento: por um lado, traçamos conexões com outros fenômenos contemporâneos que tomam forma no campo da produção estética e experimental com mídias locativas; por outro lado, procuramos cartografar movimentos genealógicos de recuperação, filiação e ruptura das tendências autenticadas nos objetos empíricos analisados com formas culturais do passado. Com isso, colocamos em perspectiva noções oriundas do campo de estudos da imagem, tais como as de “tela”, “quadro” e “enquadramento”, “campo” e “fora de campo”, “montagem”, dentre outras. Por fim, procuramos defender a ideia de que as imagens que despontam hoje atravessadas pelos códigos culturais das mídias locativas são produzidas para serem, acima de tudo, intuídas através do engajamento todo do corpo e por isso demandam metodologias de análise de imagens que deem conta de seu potencial para produzirem efeitos de presença mais do que para representarem ou simularem outros mundos.