Resumo:
A utilização de resíduos perigosos em produtos construtivos, técnica denominada estabilização por solidificação (E/S), requer um conhecimento aprofundado de sua composição, viabilidade técnica e econômica, além de uma avaliação ambiental ao longo do uso e pós-uso do produto. Quando se trata da avaliação de um produto da E/S durante a fase de uso, o Brasil não dispõe de um procedimento adequado que considere a integridade física da amostra e as características do cenário onde o resíduo encapsulado se encontra. O objetivo geral desta pesquisa é avaliar a lixiviação de cromo total em monólitos de cerâmica vermelha durante a fase de uso, por imersão e irrigação. Foram confeccionados corpos de prova com adição de 0,05% de óxido de cromo III (Cr2O3), além de corpos de provas referência (sem adição Cr2O3). Com base no regime pluviométrico da região metropolitana de Porto Alegre/RS desenvolveram-se dois testes de lixiviação para a avaliação da efetividade da E/S: imersão e irrigação. O primeiro com o propósito de simular um ambiente hostil em situação de prolongado contato da cerâmica com o lixiviante e o segundo para uma condição de exposição à chuva ácida ou ciclos de molhagem e secagem, possibilitando a avaliação do desempenho ambiental do material. A E/S do Cr na cerâmica vermelha foi acima de 99,90%. Nos corpos de prova com Cr2O3 a concentração de Cr lixiviado foi de 0,1243 ppm no teste de imersão, 0,01183ppm no teste de irrigação e 0,023 ppm no teste de lixiviação da norma ambiental brasileira para resíduos sólidos. As duas formas de avaliação da lixiviação de cromo total em monólitos de cerâmica vermelha, durante a fase de uso, propostas nesta pesquisa, apresentaram baixo coeficiente de variação e resposta técnica em 28 dias, representaram o fenômeno da difusão e se diferenciaram em seus cenários.