Resumo:
O concreto é o material de construção mais empregado no mundo, consumindo grandes volumes de recursos naturais não renováveis, além da obtenção de matérias primas para sua produção causar grandes impactos ambientais. Deficiências do concreto relativas às propriedades de durabilidade podem diminuir a vida útil das estruturas, gerando resíduos precocemente, ou então necessitando de intervenções não previstas. A incorporação de agregados reciclados de concreto na produção de concreto vem sendo proposto como substituição parcial do agregado natural. No entanto, seu emprego pode aumentar a porosidade do concreto e diminuir sua durabilidade. A utilização de cinza de casca de arroz pode trazer melhorias nas propriedades dos concretos, principalmente quando se refere à penetração de íons cloreto e às propriedades mecânicas. O objetivo deste trabalho é avaliar a influência da cinza de casca de arroz na penetração de íons cloreto em concretos com agregado reciclado de concreto. Foram produzidos concretos com 0; 25 e 50% de agregado reciclado em substituição ao agregado natural; 0; 10 e 20% de substituição de cimento por cinza de casca de arroz; e relações água/aglomerante iguais a 0,42, 0,53 e 0,64. A resistência à compressão foi analisada aos 7, 28, 63 e 91 dias. Os ensaios de durabilidade englobaram os ensaios de absorção de água por capilaridade e dois métodos acelerados de penetração de íons cloretos: ASTM C1202 e NT Build 492, comumente empregados em pesquisas científicas. Os resultados mostram, em média, que a cinza de casca de arroz trouxe benefícios ao concreto com agregado reciclado de concreto em todas as propriedades estudadas. O comportamento observado pode ser atribuído a uma possível interação entre o agregado reciclado e o emprego da cinza de casca de arroz, em decorrência de uma reação pozolânica da cinza com produtos de hidratação da pasta do agregado reciclado e a um efeito microfíler da mesma nos poros deste agregado. O melhor desempenho foi obtido com concreto produzido com 50% de agregado reciclado de concreto e 20% de cinza de casca de arroz, com um aumento médio da resistência à penetração de íons cloreto de 91% pela ASTM C1202 e 64% pelo NT Build 492, em relação aos concretos de mesmo teor de agregado reciclado e sem cinza de casca de arroz.