Resumo:
Este estudo investiga e analisa dados de ensino-aprendizagem de Língua Portuguesa (LP) por alunos com Deficiência Intelectual (DI), em um contexto de uma APAE - Educadora, com uma turma de Educação de Jovens e Adultos (EJA), a fim de apontar em que medida a mediação/colaboração entre pares mais experientes contribui para o desenvolvimento da linguagem. Para tanto, problematizam-se atividades de leitura e de escrita propostas/desenvolvidas aos/pelos educandos em aulas de LP. O corpus constitui-se dos Planos de Estudo de LP que orientam o trabalho no que se refere ao ensino-aprendizagem da referida disciplina, de registros feitos em diário de campo durante observações de aula de LP, além de gravação em vídeo de uma aula de língua materna (LM). Foram adotados pressupostos da teoria sócio-histórica de Vigostki (2007), principalmente no que se refere aos conceitos de nível de desenvolvimento real (NDR), nível de desenvolvimento potencial (NDP) e zona de desenvolvimento proximal (ZDP). Além disso, estabelecem-se relações com estudos sobre o letramento, trazendo Kleiman (2000, 2005), Street (1984), Tfouni (2006), Rojo (2009), entre outros autores, aliados a indicações dos Parâmetros Curriculares Nacionais de LP (MEC, 1997). Uma vez que esta pesquisa também discute aspectos relacionados à inclusão sob a perspectiva dos Estudos Culturais, problematizando o que se entende por deficiência e por diferenças quanto à DI em contextos de ensino regular/especial, os resultados das análises indicam que a deficiência não compromete o aprendizado da LP/desenvolvimento da linguagem, em relação ao que é proposto, principalmente quando tensionada a ZDP.