Resumo:
O presente artigo se propõe a investigar os discursos e as práticas de organizações de mulheres negras e de organizações mistas (constituídas por homens e mulheres) do movimento negro do Rio Grande do Sul no que se refere à saúde e à vulnerabilidade da população negra ao HIV/AIDS, assim como ao lugar dado a essas temáticas em sua agenda política. A análise foi baseada nas relações de gênero dentro do movimento negro. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, na qual a técnica de investigação privilegiada foi a entrevista etnográfica com integrantes de duas organizações de mulheres negras e duas organizações mistas do movimento negro do Rio Grande do Sul. Observamos que se, por um lado, a atuação de saúde é relacionada às mulheres negras, seja pela busca de autonomia nas suas ações e agendas, seja por posições "nas margens" no movimento negro misto, a área da saúde é também um espaço propicio para o formato de ONG, mais flexível para estabelecer parcerias com o poder público e traduzir demandas locais em políticas, como observamos no caso do HIV/AIDS.