Resumo:
A Lagoa do Peixe situada no Parque Nacional da Lagoa do Peixe – sul do Brasil - tem sua conexão com o mar aberta artificialmente todos os anos no final do inverno. Entretanto, esse manejo vem sendo realizado sem avaliar os impactos da abertura da barra na biodiversidade aquática das áreas úmidas da região. As seguintes questões foram testadas nesse estudo: 1) A riqueza, a abundância e a composição de macroinvertebrados da planície de inundação da Lagoa do Peixe variam temporalmente com a abertura e fechamento da barra? 2) O padrão de variação da comunidade de macroinvertebrados varia com a abertura e fechamento da barra? Um total de quatro coletas foi realizado entre março e outubro de 2008 em três áreas úmidas localizadas na planície de inundação da Lagoa do Peixe que recebiam influência da abertura artificial da barra e em duas áreas úmidas sem a influência da abertura da barra (áreas controle). Um total de 19.333 indivíduos distribuídos em 45 famílias de macroinvertebrados aquáticos foi amostrado nas áreas úmidas estudadas. A riqueza de macroinvertebrados (F1,3= 41, 645, p = 0, 008) e abundancia (F1,3= 1499,37; p < 0, 001) foram maiores nas áreas úmidas que não receberam influência da abertura artificial da barra (áreas controle) do que naquelas sujeitas à abertura da barra. A composição de macroinvertebrados variou significativamente entre as áreas úmidas sujeitas e não sujeitas à abertura da barra (F1,16= 6, 2422, p < 0, 001). Os resultados obtidos nesse estudo sugerem que a abertura artificial da barra da Lagoa do Peixe afeta a dinâmica da comunidade de macroinvertebrados aquáticos em áreas úmidas costeiras no Sul do Brasil.