Resumo:
Os rapinantes, assim como os demais predadores, possuem grande importância na regulação das populações de presas e por isso influenciam na manutenção dos ecossistemas onde estão incluídos. Assim, a presença destes indivíduos produz efeitos ao longo das cadeias tróficas influenciando até mesmo a comunidade vegetal envolvida. Em função disso, conhecer as comunidades de rapinantes, e também avaliar como estes táxons interagem com as alterações dos ambientes onde vivem permitem explicar a capacidade de adaptação destas espécies. Em especial, a análise das escolhas de diferentes locais por estas aves, elucidam quais características dos ambientes são determinantes para a permanência destes indivíduos no habitat referido. Neste sentido, este trabalho avaliou a comunidade de aves de rapinas diurnas em um ambiente fragmentado no sul do Planalto das Araucárias, analisando características da estrutura da comunidade e sazonalidade, bem como uso e tendência de seleção de habitats em relação a um ambiente heterogêneo e com a presença de ação antrópica. Na área de estudo foram classificados quatro ambientes distintos (campo nativo, agrícola, mata nativa e talhão de Pinus sp.) e foram avaliados 3 fragmentos de cada um destes habitats. Para o levantamento dos rapinantes diurnos realizou-se três pontos amostrais, em cada um dos 12 fragmentos. Como metodologia complementar, realizaram-se 8 transectos de carro, ao longo da área de estudo, abrangendo áreas dos quatro habitats descritos. Registraram-se 16 espécies de rapinantes, que apresentaram diferença significativa em sua abundância ao longo das estações, o que pode ser em função das diferenças climáticas que alteram os recursos disponíveis no ambiente. As aves de rapinas diurnas utilizaram diferentes ambientes para a realização de seus comportamentos e por isso não foi encontrada similaridade na composição das espécies em relação aos pontos amostrais. Em relação ao uso de ambientes, as espécies utilizaram as áreas abertas em maior quantidade, apresentando grande utilização dos ambientes agrícolas, o que confirma a adaptação destes indivíduos à estas áreas. As espécies generalistas utilizaram, em geral, os ambientes na proporção disponível no local, inclusive apresentando em alguns casos, tendência de seleção positiva aos ambientes alterados, enfatizando sua adaptação às alterações ambientais. Por outro lado, algumas espécies especialistas apresentaram uso de áreas mais conservadas, podendo por isso serem utilizadas como espécies indicadoras de qualidade ambiental.