Resumo:
O jornalismo apresenta uma narrativa peculiar resultante de um processo de técnicas e rotinas processuais nos ambientes de produção. Essas rotinas aos poucos foram nivelando e pasteurizando as narrativas a ponto de sufocar o próprio feitio de uma reportagem. Em muitos momentos, os jornalistas conseguiram subverter essas técnicas e mesmo rotinas, fortalecendo um estilo jornalístico diferenciado, onde a história e o personagem são mais importantes do que o próprio formato tradicional dos textos de jornais e revistas. Esta pesquisa procurou mapear e desvendar os caminhos do jornalista João Antônio, que ao longo de sua carreira subverteu as regras e as rotinas através de um fazer jornalístico a partir das bordas, das margens sociais e das margens das teorias jornalísticas de escolha da notícia. A esse jornalismo, esta pesquisa denomina de jornalismo de bordas. Essa trajetória foi calcada em teorias da semiótica, do jornalismo e do estudo do processo criativo, a partir da crítica genética. A aplicação desse jornalismo de bordas pode resgatar o jornalismo mais literário, mais voltado aos personagens e suas histórias.