Resumo:
O objetivo desta pesquisa foi avaliar os impactos da adoção das normas internacionais nos indicadores econômico-financeiros de instituições financeiras brasileiras, por meio dos indicadores de solvência, estrutura patrimonial e de captação, e de rentabilidade. Replicou-se o estudo internacional de Miranda (2008), cujos indicadores econômico-financeiros foram calculados para bancos de alguns países da União Europeia. Outro estudo com influência significativa foi o de Farias et al. (2014). A amostra foi composta de dezenove instituições financeiras listadas na BM&FBovespa e a Caixa Econômica Federal. Os relatórios contábeis foram extraídos preferencialmente da página eletrônica BM&FBovespa, no ano de 2009 no formato BR GAAP e no ano de 2010 a reapresentação de 2009 em IFRS. Para verificação do impacto das normas internacionais, foram realizadas análises por meio da comparação das médias de cada um dos indicadores econômico-financeiros, calculados em ambos os padrões contábeis. Os resultados retornados pelo teste Mann Whitney sinalizaram que não há diferença significativa entre as médias dos indicadores econômico-financeiros de instituições financeiras calculados em BR GAAP e IFRS. O resultado do estudo difere-se do achado de Miranda (2008) no qual, para alguns indicadores e países, foram identificadas diferenças relevantes. Entretanto observou-se por meio da variação das médias que para os indicadores econômico-financeiros: encaixe voluntário, liquidez imediata, alavancagem e retorno sobre o patrimônio líquido, as médias dos resultados foram superiores no formato BR GAAP, enquanto que para participação em empréstimos, empréstimos/depósitos e capitalização, as médias maiores foram encontradas em IFRS. Os principais conceitos que refletiram nas alterações dos indicadores econômico-financeiros foram: a nova classificação de equivalente de caixa, mensuração de valor recuperável das operações de crédito e derivativos, menor provisão para créditos de liquidação duvidosa, aplicação do conceito de valor justo e modificações quanto à participação dos acionistas não controladores. Apesar de não serem encontradas alterações estatisticamente significativas considerou-se que a carteira de crédito cresceu, devido à aplicação da IAS 39, que adia o reconhecimento dos créditos perdidos, assim as IFRS aparentemente aumentaram o conservadorismo das instituições financeiras, também quando considerada a redução dos depósitos e aplicações interfinanceiras de liquidez. Porém sob a ótica das provisões da carteira de crédito elas se mostraram menos conservadoras, proporcionando melhores resultados.