Resumo:
A política de dividendos tem sido um dos temas mais controversos em finanças corporativas nos últimos anos, no que concerne a sua definição, por parte dos gestores, afetar ou não o valor da companhia. Sendo esta uma das questões ainda não completamente resolvidas em finanças corporativas, buscou-se identificar quais os fatores influenciaram as políticas de dividendos das empresas brasileiras com ações negociadas na BM&F Bovespa, entre 1995 e 2009, e observar como se comportaram tais políticas ante a crise financeira internacional de 2008/2009. Foi a aplicada técnica de Regressão Linear Múltipla sobre dados em painel nas amostras global e segmentadas por setor, para o objetivo de identificar os fatores, e o teste de diferença de médias para o exame do efeito da crise. No presente estudo, que teve como variável dependente a política de dividendos, substituiu-se o termo 'dividendos' por 'proventos', pois este último abrange a distribuição total, em dinheiro, em relação ao lucro líquido, envolvendo, também, os juros sobre o capital próprio, sendo chamado de índice Pay Out (PO). Os resultados indicaram relação negativa entre o retorno e o PO e positiva entre o endividamento e o PO, ambas significantes. Ao passo que os fatores tamanho, investimento e folga financeira não apresentaram significância estatística nas relações com o PO. Ambos, retorno e endividamento, apresentaram sinais de influência, surpreendentemente, contrários aos resultados encontrados em estudos anteriores. Em contrapartida, o PO passado resultou positivamente relacionado com o PO corrente, com significância estatística, conforme o esperado. Por fim, os efeitos da crise não alteraram, significativamente, os PO. O estudo ratificou um dos resultados de Lintner (1956), válido até hoje em diversos ambientes, também encontrado em tantos outros estudos, qual seja: indícios de que as empresa procuram seguir políticas de proventos estáveis e agradáveis ao "olhar" dos mercados e dos investidores.