Resumo:
Este trabalho apresenta a caracterização estrutural do Sistema de Falhas Santa Bárbara, com base na análise de imagens de radar, de perfis de eletrorresistividade (técnica de caminhamento elétrico) e em dados de campo. O Sistema de Falhas Santa Bárbara é uma megaestrutura do Escudo Sul-riograndense. Com orientação NE-SW, estende-se da região onde aflora o Complexo Granítico Caçapava do Sul, a NE, até a região onde aflora o Complexo Granítico Lavras do Sul, a SW, passando pela Sub-bacia Santa Bárbara da Bacia do Camaquã. Fazem parte deste sistema, entre outras, as falhas conhecidas como Falha do Perau, Falha dos Cabritos e Falha do Segredo. A análise de imagem de radar destaca lineamentos com grandes extensões (dezenas de km) aproximadamente retilíneos, blocos soerguidos (estruturas em flor positivas), blocos rebaixados (estruturas em flor negativas, bacias pull-apart) e leques imbricados, além de estruturas de Riedel (falhas e fraturas secundárias). Os perfis de eletrorresistividade mostram que os principais lineamentos representam planos de descontinuidades verticais. A análise de afloramentos mostra que nas áreas de influência dos lineamentos principais e das estruturas de Riedel ocorrem zonas de deformação frágil, representativas de deformação em nível crustal raso. O conjunto de dados permite caracterizar o Sistema de Falhas Santa Bárbara como um sistema de falhas transcorrentes sinistrógiro, ao longo do qual se alternam estruturas geradas em domínios transpressivos ou transtensivos. A deformação está associada a um sistema de eixos principais de stress com σ1 orientado na direção N-S, σ2 aproximadamente vertical, e σ3 com orientação E-W. O sistema de falhas, que influenciou na colocação do Complexo Granito Caçapava do Sul e na sedimentação da Sub-bacia Santa Bárbara da Bacia do Camaquã, teve seu principal período de funcionamento por volta 540 Ma.