Resumo:
Esta pesquisa tem por objetivo investigar como são construídos os retratos de fontes populares no Diário Gaúcho, jornal popular lançado em 2000 pelo Grupo RBS no Rio Grande do Sul. A partir de pesquisa bibliográfica e exploratória, realizamos etnografia, acompanhando o trabalho de editores, fotógrafos e repórteres pelo período de cinco dias, em atividades internas e externas. No relato de observações e conversas com os profissionais da redação, junto às fotografias que registram o trabalho da equipe, são analisados retratos que tiveram acompanhamento na produção e edição. A partir destas informações, elaboramos categorias nas quais dispomos nossas apropriações e tensionamentos: o ambiente, o sujeito, a pauta, a história, os problemas sociais, e o espaço gráfico e a busca pela visibilidade. Os apontamentos permitiram identificar o enquadramento jornalístico no retrato, pensando desta forma o quadro fotográfico como espaço de produção de sentidos. Identificamos que as fontes populares estão frequentemente relacionadas a pautas que tratam de problemas sociais e as imagens evidenciam os dramas vividos, forma que o jornal encontra para sensibilizar a sociedade e buscar soluções. O jornal mantém um relacionamento muito próximo com suas fontes e preocupa-se em construir uma imagem positiva desses sujeitos, valorizando, desta forma, os gestos espontâneos. Mostrar o ambiente onde estão essas fontes também é uma meta
constante, apesar de os espaços do projeto gráfico destinados à fotografia, muitas vezes, serem reduzidos. Nas matérias de serviços, esses sujeitos ainda são transformados em instrumentos de instrução aos leitores, servido de exemplo para as questões explicativas, especialmente nas imagens, já que o jornalismo popular aposta nos recursos visuais para se comunicar com seu público.