Resumo:
A variação espacial da abundância das espécies pode ser determinada por uma série de causas históricas e ambientais. Visando a identificação de grupos florísticos e a sua relação com um conjunto de variáveis edáficas e climáticas (ambientais), do espaço geográfico (histórico) na estruturação da composição arbórea ao longo de formações ombrófilas e estacionais do extremo sul do bioma Mata Atlântica-Brasil, extraiu-se da literatura dados de composição e abundância da flora arbórea (Dap >9.5 cm), de 52 unidades amostrais com cerca de 1 ha de extensão. As comunidades foram caracterizadas através de sete variáveis climáticas, nove variáveis edáficas, três estruturais, além da diversidade Jost, altitude e suas coordenadas geográficas. Análises de ordenação foram empregadas para síntese dos descritores edafo-climáticos e características estruturais (PCA), na estruturação florística entre as parcelas (NMDS) e posterior correlação com os fatores ambientais. Através de análise de agrupamento hierárquico identificou-se grupos florísticos com utilização de espécies indicadoras, as quais foram classificadas quanto aos seus corredores migratórios. Com o uso do teste G, avaliou-se a independência das rotas históricas de dispersão com a composição das espécies indicadoras dos grupos florísticos. Fatores relacionados ao nicho das espécies, como a temperatura, precipitação total e secundariamente a drenagem, fertilidade e profundidade do solo são consistentes com a distribuição da composição arbórea. Do mesmo modo a longitude configurou-se um forte preditor desta variação florística formando um gradiente ao longo dos corredores de dispersão tropicais, bem como os grupos florísticos obtidos apresentaram espécies indicadoras dependentes dos seus contingentes de origem. Identificou-se um gradiente estrutural de variação de área basal, altura média e densidade entre Florestas Ombrófilas Mistas e Florestas Estacionais, ao contrário da diversidade. Os grupos florestais exibem diferentes graus de separação entre si. As Florestas Estacionais e a Floresta Ombrófila Densa formam um gradiente florístico contínuo ao longo de dois corredores migratórios de modo a consistir um bloco único. A Floresta Ombrófila Mista constitui um grupo dissimilar a estas formações com uma subdivisão marcada por espécies indicadoras exclusivas. Fatores ambientais e históricos são responsáveis tanto pela divisão entre grupos, que podem ser de forma abrupta ou gradativa, quanto pela diferenciação interna destas formações.