Resumo:
A interação entre a academia e a indústria tem sido apresentada como um importante mecanismo para o desenvolvimento tecnológico das empresas, regiões e países. Com objetivo de contribuir para a compreensão e o esclarecimento das características da interação universidade-empresa e a relação com o desempenho tecnológico das empresas brasileiras, este trabalho busca identificar se os determinantes da interação universidade-empresa e os tipos de interação influenciam no desempenho relativo à inovação tecnológica em produtos e processos das empresas, além de verificar se estas características são distintas para as empresas instaladas no estado do Rio Grande do Sul. A partir da apresentação dos conceitos centrais ao estudo, da descrição do sistema de inovação brasileiro e da estrutura do sistema de inovação do estado do Rio Grande do Sul, utilizando-se uma base de dados constituída exclusivamente por empresas que desenvolveram interação com universidades ou institutos de pesquisa, as análises foram realizadas com a utilização de estatística descritiva, regressão logística e teste de médias e variâncias. Confirmou-se a hipótese de que o tipo de interação universidade-empresa apresenta relação com o desempenho tecnológico relativo à inovação em produtos e processos das empresas brasileiras. As evidências apontam que, empresas que atribuem maior importância às interações que utilizam informações técnicas como fontes de informação têm menores chances de introduzir produtos novos para o mercado nacional. Por sua vez, aquelas que atribuem maior importância para interações com informações sobre patentes apresentam maiores possibilidades de introduzirem produtos e processos novos para mercado mundial. Por outro lado, as evidências também indicam que interações com objetivo de acessar recursos da universidade ou instituto de pesquisa não aumentam a probabilidade de inovação em produtos e processos. Os resultados também indicam que as razões das empresas para estabelecer uma interação com universidades ou institutos de pesquisa, não apresentam relação significativa com os resultados das empresas em relação à introdução de inovação em produtos ou processos. O estudo ainda indicou que os determinantes da interação: tamanho da empresa, a intensidade de P&D, e o setor industrial guardam alguma relação com seu desempenho tecnológico, enquanto que o financiamento público não apresentou uma relação significativa. Já para as empresas localizadas no estado do Rio Grande do Sul o estudo indica que essas têm comportamento semelhante as do restante do país, pois não foram encontradas diferenças significativas nas médias e variâncias, apenas foi constatado que no RS as empresas têm significativamente maior média de introdução de inovações em processos para o mercado nacional, contudo não apresenta ligação direta com a interação universidade-empresa. O trabalho apresenta, como contribuição para o tema estudado, uma forma alternativa à utilização da informação relativa a gastos com P&D como proxy para intensidade de P&D, propondo uma nova composta pelo número de empregados em P&D, definição de atividade contínua ou não e existência de setor de P&D na empresa. Outra contribuição é a proposição de uma taxonomia para análise dos tipos de interação universidade-empresa, composta por três tipos: interações com uso de informação técnica, interação com uso de recursos da universidade ou instituto de pesquisa, e interação com uso de informações sobre patentes.