Resumo:
As estações de tratamento de água (ETA) são consideradas fontes de poluição, por gerarem resíduos sólidos como subproduto do próprio processo de tratamento. Por falta de adoção das políticas específicas de gerenciamento pelas ETAS, o lodo de estação de tratamento de água (LETA) tem sido disposto de forma ambientalmente inadequada, em cursos d'água. Uma alternativa viável seria a utilização deste LETA na fabricação de cerâmica vermelha destinada a construção civil, sendo assim, este trabalho tem por objetivo avaliar a influência da composição química do LETA, alterado pela qualidade da água a ser tratada, nas propriedades de cerâmica vermelha produzidas com este resíduo. Para atingir a finalidade proposta utilizaram-se 3 amostras de LETA, coletadas em Agosto de 2013, Dezembro de 2013 e Março de 2014 e uma amostra de argila, que foi amostrada em uma Olaria localizada em Porto Alegre – RS. A metodologia dividiu-se em coleta e caracterização das matérias primas, produção das 4 cerâmicas diferentes e caracterização das propriedades químicas, físicas e mecânicas das cerâmicas. O LETA foi prensado com adição de Cal para a retirada de excesso de água em um filtro prensa e caracterizado por meio dos ensaios de sólidos totais, fixos e voláteis, FRX, DRX, solubilização e lixiviação. Na argila, o LETA prensado foi empregado em adição de 5% em relação à massa total e então homogeneizado para a realização da extrusão dos corpos de prova. Os corpos de prova foram sinterizados em forno mufla nas temperaturas de 800°C, 950°C e 1050°C. As cerâmicas foram caracterizadas quanto à composição química e mineralógica, perda ao fogo e caracterização ambiental. Analisou-se a retração linear, a absorção de água e resistência à flexão dos corpos de prova. A composição química do LETA apresentou influência significativa nas propriedades estudadas das cerâmicas sinterizadas à 950ᵒC e 1050ᵒC, sendo que a propriedade mais afetada foi a absorção de água inicial sinterizada em 950ᵒC, obtendo-se um acréscimo de 61% nos corpos de prova B e 12% nos corpos de prova CPD em relação as cerâmicas de referência. Na temperatura de 1050ºC as cerâmicas apresentaram problema de baixa absorção de água. Nas cerâmicas sinterizadas à 800ºC as propriedades físicas e mecânicas não foram alteradas significativamente pela adição de lodo, mostrando-se viável a adição de LETA na cerâmica sinterizada nesta temperatura.