Resumo:
Os agregados reciclados de concreto, de um modo geral, apresentam elevada absorção de água, em função da sua maior porosidade. Esta absorção resulta em alterações no teor de água das misturas, e têm implicação direta sobre as propriedades microestruturais dos materiais à base de cimento, não sendo diferente com o agregado reciclado. Contudo, tais alterações ainda são pouco conhecidas nestes materiais. Esta pesquisa possui o objetivo de determinar a influência do processo de pré-molhagem do agregado no comportamento de concretos desenvolvidos através da incorporação de agregado graúdo reciclado de concreto (AGRC) em substituição ao agregado graúdo natural (AGN). O teor de substituição do AGRC em relação ao AGN utilizado foi de 50% em relação ao volume do concreto. Previamente à utilização do AGRC, foi realizada uma pré-molhagem do material com percentuais na ordem de 40, 60, 80 e 100% da água relativa à absorção total do resíduo. Foram adotadas relações água/cimento iniciais de 0,45; 0,55 e 0,65. O abatimento foi fixado em 100 ± 20 mm, realizando-se uma compensação de água da mistura no teor necessário para atingir este abatimento. Num segundo grupo, a menor quantidade de água utilizada na produção dos concretos sem aditivo foi adotada para a produção dos mesmos concretos, com percentuais de pré-molhagem de 40, 60 e 80%, utilizando-se aditivo superplastificante ao invés de água para que fosse atingido o abatimento fixado. Verificou-se a influência da pré-molhagem do AGRC sobre as propriedades do concreto fresco, através da determinação da consistência ao longo do tempo; e do concreto endurecido, através da resistência à compressão e absorção de água por capilaridade dos concretos, e a alteração de porosidade de amostras de argamassa extraídas dos concretos frescos após diferentes tempos de contato com o agregado reciclado. Os resultados obtidos indicam que a trabalhabilidade e a resistência a compressão dos concretos com AGRC são pouco influenciadas pelo teor de pré-molhagem, enquanto que a permeabilidade a água e o teor de vazios existente na argamassa da mistura sofrem influencia significativa: nos concretos com AGRC sem aditivo, há pequenas variações de permeabilidade e porosidade, sendo que o teor de pré-molhagem de 80% resulta em concretos menos porosos. Entretanto, nos concretos com AGRC e aditivo superplastificante, o menor teor de pré-molhagem testado (40%) se revela a melhor opção, pois a água de mistura é absorvida pelos poros vazios do agregado reciclado, o que diminui a porosidade da argamassa, e consequentemente a capilaridade do concreto.