Resumo:
Este estudo teve por objetivo identificar a perspectiva de institucionalização das organizações Family Offices nos Estados do Rio Grande do Sul e de Minas Gerais. A Family Office, no contexto deste trabalho, seria a organização utilizada pelas famílias empresárias com o intuito de, entre outras finalidades, preservar o patrimônio familiar. Mediante a revisão da literatura, identificou-se que o tema ainda é pouco explorado academicamente, justificando um estudo de caráter exploratório. À luz da Teoria Institucional, tanto pelo viés econômico (preservação da propriedade) quanto pelo viés social (busca pela legitimação - isomorfismo), foi realizada a análise de conteúdo de 22 entrevistas efetuadas com pessoas relacionadas a 13 organizações Family Offices distintas, dois executivos de empresa familiar e um private banker, o que possibilitou identificar que as organizações Family Offices são de dois tipos: organizações Single Family Offices e organizações Multi Family Offices. As organizações Family Offices possuem estágios de desenvolvimento distintos e, geralmente, estão vinculadas à governança familiar. As regras de governança são estabelecidas mediante dois mecanismos: protocolo de família e conselho de família, e, em algumas situações, as organizações Family Offices confundem-se com esses mecanismos. Além disso, as famílias buscam formalizar valores que devem nortear a conduta de seus membros tanto nas relações internas quanto nas externas. As organizações Family Offices não precisam necessariamente possuir uma estrutura jurídica, exceto nos casos em que prestam serviços financeiros. Nesta situação, além de observarem as regras estabelecidas pelo protocolo de família, também estão sujeitas à regulamentação específica imposta pelo Estado. Esta regulamentação, embora incipiente, seria um fator característico do isomorfismo coercitivo. Contudo, a busca pela legitimação decorre da utilização de consultoria especializada, fator característico do isomorfismo normativo, ou pela troca de experiências com outras famílias empresárias, fator característico do isomorfismo mimético.