Resumo:
Ao longo dos anos, o desenvolvimento industrial trouxe impactos positivos e negativos à sociedade. O setor metal mecânico está inserido neste contexto, pois se caracteriza como setor de grande impacto ambiental adverso, além de consumir recursos naturais, gera uma série de resíduos sólidos, efluentes líquidos e emissões atmosféricas. Na Simbiose Industrial, os vários agentes (stakeholders) que participam, direta ou indiretamente, das atividades das empresas são os grandes propulsores das mudanças em prol da prevenção da poluição. Essa relação entre as partes pode acontecer de diversas formas, formando uma rede de melhorias ambientais conjuntas. É exatamente neste ponto que esta pesquisa pretende expandir-se e estudar a inter-relação das empresas com seus demais atores. Quem motiva quem? Quem ou quais são as molas propulsoras das mudanças ambientais? Que interrelações com esse propósito já acontecem nas empresas? De que forma ocorrem? Essas questões, abrangentes e complexas, são avaliadas e discutidas ao longo deste trabalho e aprofundadas em estudos de caso realizados em três empresas do setor. O estudo também contempla uma identificação das indústrias deste setor na área de abrangência citada, que aponta 331 empresas localizadas em 17 municípios dos trechos médio e inferior da Bacia dos Sinos, que é onde ocorrem os maiores impactos negativos oriundos de atividades industriais. Dentro do contexto apresentado, o presente trabalho tem como principal objetivo o de contribuir para a minimização dos impactos ambientais gerados pelo setor metal-mecânico na Bacia do Rio dos Sinos, tendo como horizonte a Ecologia Industrial. Aliando os resultados da identificação das indústrias e dos estudos de caso, o presente trabalho propõe um modelo de Simbiose Industrial, com o foco em coprodutos, aplicável ao setor, na área de abrangência da Bacia dos Sinos. O modelo é composto de sete etapas, que impulsionam as melhorias ambientais dos participantes, englobando desde a realização de uma gestão ambiental preventiva até a criação de uma rede de intercâmbios de co-produtos e recursos intangíveis, como conhecimento e informações. Para tal, diversos stakeholders são fundamentais, como entidades de apoio, universidades e instituições de fomento. Os estudos de caso demonstram que não existe uma única resposta à questão sobre os motivos das empresas para aprimorarem-se ambientalmente. A empresa X possui uma motivação exclusivamente cultural. A Empresa Y tem sua motivação mais arraigada na pessoa do diretor da empresa no que na empresa, embora exista um grande esforço do diretor para tal. Já na Empresa Z, a motivação é exclusivamente estratégica. De qualquer forma, os estudos demonstram que a cultura ou educação ambiental direcionam os motivos da mudança. Identificaram-se relações simbióticas entre empresas e stakeholders nos três casos estudados.