Resumo:
No Brasil, as ocorrências de macrofósseis tornam-se mais escassas conforme aumenta a idade dos sedimentos analisados e a intensidade dos processos de diagênese e/ou metamorfismo a que foram submetidos, sendo extremamente raros os registros fossilíferos pré-ordovicianos. No vale do Rio Itajaí (extremo leste no Estado de Santa Catarina, região sul do Brasil), ocorrem, com relativa profusão e fácil acesso, afloramentos bem preservados da Bacia do Itajaí. Esta se encontra preenchida por estratos sedimentares siliciclásticos Neo-proterozóicos relacionados ao final da amalgamação do oeste do Gondwana. Em diversos afloramentos relacionados a depósitos prodeltáicos foram encontrados registros de vida, a maioria representada por construções biogênicas tais como tapetes microbianos ou esteiras algálicas. Ocorrem também grandes afloramentos repletos de impressões de organismos macroscópicos, alguns de idade tipicamente Ediacarana (Parvancorina sp, Charniodiscus? sp. e Ciclomedusa), outros internacionalmente atribuídos ao período Cambriano (Choia sp.), e outros, descritos neste trabalho, ainda com afinidade incerta. Também é comprovada a presença de microfósseis (acritarcos) de idade ediacarana nos sedimentos estudados. Tufitos félsicos coletados em afloramentos fossilíferos, e datados com zircões pelo método SHRIMP, apontam 642+12 Ma como idade máxima para o início do preenchimento da bacia, e 606+8 Ma como idade do evento vulcânico. Este intervalo geocronológico corresponde ao final das grandes glaciações Neoproterozóicas, e este trabalho apresenta o segundo registro de metazoários até o momento encontrados neste período.