Resumo:
O presente trabalho consiste no estudo taxonômico dos ostracodes marinhos da bacia de Pelotas e os respectivos aspectos paleoecológicos da assembléia no intervalo Cretáceo e Cretáceo – Paleógeno Inferior. Foram analisadas 479 amostras de calha, provenientes dos cinco poços 1-RSS-2, 1-RSS-3, 2-RSS-1, 1-SCS-3B e 1-SCS-2. A fauna registrada totalizou 98 espécimes, distribuídos em nove famílias, 21 gêneros, 34 espécies. Dois
gêneros e duas espécies foram mantidos como táxons indeterminados. As espécies identificadas foram: Cytherella cf. C. araucana Bertels, 1974; Cytherelloidea spirocostata
Bertels, 1973; Bairdoppilata triangulata Edwards, 1944; Actinocythereis indígena Bertels, 1969; Brachycythere gr. sapucariensis Krömmelbein, 1964; Wichmannella araucana Bertels, 1969 e Wichmannella meridionalis Bertels, 1969. Os gêneros mais diversificados foram Cytherella e Paracypris com sete e quatro espécies, respectivamente. O intervalo Turoniano foi o mais abundante, com a significativa presença dos gêneros Brachycythere
e Cytherella . A família mais abundante foi a Trachyleberididae, com oito gêneros e 12 espécies, seguida da família Cytherellidae com dois gêneros e oito espécies. A passagem do limite Cretáceo – Paleógeno Inferior (K– Pg) na bacia de Pelotas foi marcada por uma mudança faunística com o desaparecimento dos gêneros, therelloidea, Argilloecia, Cythereis, Brachycythere, Pondoina e Rostrocytheridea, e o aparecimento de
Neonesidea, Bairdoppilata, Ambocythere, Buntonia, Langiella?, Trachyleberis e Krithe
. A associação dos ostracodes cretácicos na bacia de Pelotas sugere um ambiente marinho nerítico com águas quentes.