Resumo:
O presente estudo propõe-se a formular o conceito de glifos durantes na superfície audiovisual e avaliar o impacto da intervenção de elementos estáticos impressos sobre a imagem movente a partir do conceito de duração de Henri Bergson e de linha e superfície de Vilém Flusser. Valendo-se dos avanços provenientes do estudo das audiovisualidades na comunicação, é investigada, em diferentes experimentos audiovisuais, a duração agenciada por estes glifos. A pesquisa elege o móvel como lugar de investigação, tomando como princípios metodológicos a intuição, as cartografias, a desconstrução e as molduras, o que resulta em um procedimento de scanning, que intercala flaneuria e dissecação. No processo de invenção metodológica e aproximação do objeto, realiza-se uma pesquisa exploratória que flana através de experimentos pré-cinematográficos (Alegoria da Caverna, Fenaquitoscópio, Tavoletta di Bruneleschi) e de produtos audiovisuais (Anèmic Cinema, , Dans le Noir du Temps, O Livro de Cabeceira, Pierrot Le Fou, Pulp Fiction, The Life and Death of 9413). A abordagem metodológica propõe um procedimento, inspirado no movimento espiral experimentado pelo espectador quando colocado em contato com os glifos, que leva em conta as idas e vindas entre afecções e percepções, entre objetividade e subjetividade e entre atuais e virtuais. Por fim, procede-se com um estudo de caso, aplicando a metodologia do movimento espiral ao filme Dogville. Com isso, deseja-se contribuir com o estudo das audiovisualidades, propondo uma alternativa de operação metodológica que procura dar conta da complexidade dos objetos abordados por este campo.