Resumo:
O presente trabalho procurou avaliar o comportamento da função de demanda brasileira por arroz pós-Mercosul e sua relação com a variação na renda, nos preços internos e externos, na indústria e política comercial brasileira. Para a análise, foi desenvolvido um modelo teórico, o qual fundamentou a especificação dos modelos econométricos para o arroz em casca e beneficiado. Considerou-se na investigação estatística dados históricos de janeiro de 1995 a junho de 2010, tendo como objetivo geral testar a adequação de modelos lineares e não-lineares que representem as relações de curto e longo prazo das variáveis de comércio exterior brasileiro do setor. Além disso, pretende-se datar a cronologia dos ciclos das importações de arroz e verificar a relação desses com as idiossincrasias da condução das políticas econômicas, bem como com eventos climáticos. As elasticidades encontradas apresentaram sinais coerentes com o modelo econômico definido em sua maioria. Os resultados obtidos permitiram interpretar a dinâmica do mercado importador de arroz no Brasil. Em geral, os impactos de longo prazo da renda e preço doméstico foram os principais determinantes das importações e ressalta-se o comportamento de bem inferior de ambos os tipos de arroz nas equações trimestrais. Já o preço de importação contribui menos que proporcionalmente, ao passo que o importador parece ajustar a quantidade importada do período com certo grau de defasagem. Já a indústria, tendo como base dados trimestrais, manteve uma relação contra-cíclica com as importações de ambos os tipos de arroz, embora não tenha se mostrado significativa para a maioria dos modelos. A dinâmica de correção do modelo a choques no longo prazo foi atenuada nas estimativas não-lineares mensais, enquanto permaneceu praticamente estável nas estimativas trimestrais. Ainda, conforme os resultados é possível afirmar que os ciclos de expansão das importações de arroz beneficiado durante o período foram, em média, mais longos que as retrações. Finalmente, pode-se entender que os ciclos de importação se mostraram fortemente relacionados a eventos climáticos adversos e à alterações da política comercial.