Resumo:
Esta tese trata da proposição de um modelo flexível de gestão estratégica da produção
que integra as abordagens dos trade-offs e do sand-cone, a partir de alternativas de formulação e manutenção definidas pelas dimensões competitivas específicas de cada
mercado comprador. Para alcançar esse objetivo, foi estudado e avaliado criticamente um conjunto de publicações que versam sobre o assunto, desde a sua visão mais abrangente e geral – a estratégia corporativa – até a sua visão mais específica – a estratégia funcional de produção. Tendo por base esse quadro conceitual, foi elaborada a proposição de um modelo geral de gestão estratégica da produção que integra essas duas correntes de pensamento sobre a estratégia de produção – trade-offs e sand-cone – dando um caráter de complementaridade à aparente contradição e incompatibilidade entre elas. Esse modelo propõe que as duas abordagens cumprem papéis complementares, visto que a primeira delas relaciona-se com as dimensões competitivas prioritárias dadas pelo mercado comprador, enquanto a segunda refere-se à construção de capacitações operacionais internas. No modelo proposto, esses dois níveis conectam a implantação de ferramentas e técnicas de EO – nível operacional – aos resultados da empresa – nível estratégico. O modelo propõe ainda que a adoção e ativação de ferramentas e técnicas de EO podem acontecer de formas diversas em cada uma das UENs (ou mesmo SubUENs) da empresa, dependendo das dimensões competitivas mais importantes dadas pelos seus
mercados compradores. Além disso, é proposto que o caminho para a formulação da
estratégia de produção pode ser de baixo para cima (bottom-up) ou de cima para baixo (top-to-down) se a empresa inicia o processo pelas técnicas e ferramentas ou se ela o inicia pela estratégia corporativa. Visando observar a construção de modelos de gestão
estratégica da produção na prática organizacional, esta pesquisa valeu-se dois estudos de caso. Um deles estudou uma empresa que formulou sua estratégia de produção seguindo o caminho bottom-up e o outro avaliou uma empresa que optou pelo caminho top-to-down. As análises críticas realizadas a partir de ambos os casos forneceram evidências relevantes para sustentar que o modelo proposto apresenta consistência suficiente para ser considerado como uma alternativa flexível e integradora para a gestão estratégica da produção.