Resumo:
A violência é um dos aspectos mais apontados quando se trata do cinema brasileiro atual. Cidade de Deus é, dentro desse universo de discursos violentos e sobre a violência, um dos filmes nacionais mais desconfortáveis da atualidade, não apenas porque fala de um mundo de criminalidade, pobreza e exclusão, mas por mostrar histórias reais. Se não reais no sentido estrito, daquilo que de fato aconteceu; reais porque acontecem todos os dias nas grandes cidades deste País. Esta investigação aponta, já de início, dois tipos de enunciação em Cidade de Deus, permeadas pela violência e pela representação da alteridade: a estética publicitária e o discurso documental. A pesquisa apresentada aqui é o resultado de um trabalho que pretendeu lançar um filete de entendimento a respeito de como esse filme é construído de modo a causar-nos tanto desconforto; como pode a diegese e a forma desse filme, articuladas, provocar a sensação de mal-estar que pairou sobre as platéias do Brasil e do mundo quando Cidade de Deus foi exibid