Resumo:
A densificação dos centros urbanos, verticalização das edificações e a utilização de fachadas envidraçadas de forma cada vez mais recorrente coloca em pauta a segurança contra incêndio destas construções. Como as fachadas pele de vidro são compostas por elementos não resistentes ao fogo, isso a torna um sistema frágil e passível de comprometer a segurança global da edificação e dos usuários. A propagação pela fachada pode acontecer tanto internamente, pelo espaço formado entre a fachada e edificação, quanto externamente através do leapfrogging. Desta forma, a compartimentação deve ser levada em consideração mesmo em prédios com
fachadas envidraçadas, com base nas instruções técnicas brasileiras, que passaram
a adotar anteparos verticais de 1,20 metros em conjunto com sistemas de selagem
corta fogo e/ou prolongamentos horizontais de 0,90 metros como medidas de proteção
passivas. Diferentemente de outros países, o Brasil não possui norma técnica de
ensaio específico para avaliar o sistema proposto pelas instruções técnicas, o que
suscita questionamentos sobre a areal eficácia destes sistemas. O presente trabalho
apresenta a avaliação de um sistema de compartimentação vertical conforme instrução técnica brasileira com base na metodologia de ensaio da ASTM E2307 (ASTM, 2020) e ASTM E2874 (ASTM, 2019), bem como discussão dos resultados com base no comportamento do fogo. Através dos resultados obtidos, constatou-se que a selagem perimetral foi capaz de resistir ao fogo até o momento da quebra do vidro junto a ela e, após a quebra, as temperaturas medidas ultrapassaram os limites normativos. O anteparo vertical de 1,20 metros se demonstrou eficaz ao evitar a entrada das chamas no pavimento superior, porém o fluxo de calor medido no topo do anteparo seria capaz de ignizar materiais comumente utilizados como revestimentos de salas comerciais. Assim, o sistema construtivo proposto pela instrução técnica se demonstrou eficiente até a quebra do vidro junto a selagem perimetral, demonstrando a importância de ter-se norma técnica brasileira apropriada para o desenvolvimento de sistemas específicos que garantam a compartimentação vertical nas fachadas envidraçadas.