Resumo:
Pelo viés do design estratégico, a presente tese investiga sobre cenários, como processo. Atribui-se centralidade à construção de uma metodologia que se dedica aos processos projetuais implicados no agir projetual, ou seja, processos projetuais cenarísticos, cujo desenvolvimento se situa no nível de metaprojeto. Compreendem-se cenários como produção de narrativas passadas, presentes e futuras. Para tanto, convocam-se os processos operados pelos conceitos de imaginário e polifonia, que contribuem para que ocorra uma presença atualizada como memória ou como imaginação desenhada por diversas vozes. Explora-se a técnica cartográfica que, diante dessa pluralidade, encontra modos de expressar as subjetividades que, por sua vez, respondem às intersubjetividades. A cartografia dá voz aos afetos já na origem, distanciando-se das restrições às percepções submetidas à lógica e à racionalidade. Assim, estabeleceu-se como objetivo geral propor uma metodologia para o desenvolvimento de processos projetuais cenarísticos, cujas narrativas potencializam o imaginário e polifonia. E para que a técnica cartográfica preserve a percepção dos sujeitos sobre determinadas realidades, a realidade urbana, a cidade, se apresenta como o lócus escolhido para observação e registro, mais especificamente a cidade de Porto Alegre/RS. É um espaço social dinâmico e plural, uma síntese localizada do viver contemporâneo, intrinsecamente colaborativo. A produção de conhecimento é sustentada pela revisão bibliográfica, pelos registros visuais e sonoros das cartografias, das
operações de análise e interpretação, e das práticas projetuais coletivas. Trata-se de
uma pesquisa qualitativa e exploratória, de caráter empírico indutivo. Desse modo, é
pelo exercício metaprojetual que os movimentos que compõem a metodologia passam a ser desenhados. O primeiro movimento compromete-se a coletar as cartografias por meio de sujeitos cartógrafos. O segundo movimento pratica o exercício de cenarizar pelas cartografias do primeiro movimento. O terceiro movimento metaprojeta pelas cenarizações dos movimentos anteriores. Pela concepção dos movimentos e dos processos praticados, tem-se como resultantes reflexões e elaborações que justificam a potência criativa atribuída ao nível metaprojetual, no que diz respeito à instauração/prática do processo de projeto. Trata-se da construção de uma metodologia de cenários como processo que tem como base a prática cartográfica.