Resumo:
Esta dissertação aborda a construção de sentidos que emergem de falas e episódios protagonizados pelo ex-presidente Jair Bolsonaro. A partir de reportagens jornalísticas, publicações e comentários de atores sociais em mídias digitais, esta pesquisa observa o processo de circulação e o acionamento de imaginários, que derivam dos pronunciamentos, gerando circuitos e valorizações. Para captar esse movimento da circulação, olhamos para cinco episódios que se constituem como circuitos interacionais. Estes cinco circuitos são interconectados e abraçam a trajetória de Bolsonaro entre os anos de 2018 e 2022. Nesta pesquisa, nos referimos a esses episódios como "Facada", "Nossa bandeira jamais será vermelha", "Coveiro", "Frescura e Mimimi" e "Imbrochável". Como aparato metodológico, optamos pelo estudo de caso midiatizado, que nos permite estudar variados meios e temporalidades. Nosso movimento analítico se divide em dois momentos: em uma análise das marcas e operações de cada circuito; e em uma análise transversal, que olha para as similaridades e diferenças entre os episódios, incluindo também a elaboração de pranchas de imagens - uma proposta de intersecção entre os estudos do imaginário e da midiatização. Para conversar com este caso de pesquisa,
acionamos autores que discutem sobre midiatização (BRAGA, 2015), circulação
(ROSA, 2016; FAUSTO NETO, 2018), circuitos (BRAGA, 2012), sentidos e discursos
(VERÓN, 1980; 2004) e imaginários (KAMPER, 2018). Analisando múltiplos observáveis em momentos distintos, é possível perceber o potencial criativo da atorização social na disputa por sentidos e na elaboração de imaginários.